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Monday, December 6, 2021

Pandemia faz preço dos produtos disparar; salário mínimo não acompanha alta - Estado de Minas

Na foto, pessoa pegando pãozinho francês em padaria
Quilo do pão francês subiu 11,47% durante a pandemia (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Os resultados da pandemia de COVID-19 batem na porta da economia brasileira e trazem um cenário assombroso pela frente. Enquanto a inflação de vários produtos e serviços teve aumento de até 129%, o salário mínimo não consegue acompanhar toda essa onda com um reajuste de 10%. O levantamento foi feito pelo site MercadoMineiro e aplicativo comOferta, que analisaram diversos setores para verificar a inflação durante a pandemia, em janeiro de 2019, janeiro de 2020, janeiro de 2021 e novembro de 2021.
Os piores aumentos estão em produtos básicos do dia a dia do consumidor: combustíveis, gás de cozinha, carnes, arroz, óleo de soja, açúcar e energia elétrica. Enquanto a arroba bovina subiu 129%, de janeiro de 2019 até novembro de 2021, o quilo do acém subiu 92%; o do lombo inteiro, 45%; o do frango resfriado; o quilo da comida self service aumentou 29%; o prato feito, 39%; e o marmitex aumentou 41%. Já o pão francês subiu 11,47%.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro de 2019 até novembro de 2021 subiu 17,99%. O dólar, favorecendo a exportação, subiu 53% em relação ao real. O barril do petróleo subiu 14,35%, enquanto a gasolina subiu 54% e o diesel, 51%. O etanol subiu 91%, o botijão de gás de cozinha, 45%, e o cilindro de 45kg subiu 30%. 
A mensalidade escolar teve reajuste de 8%, como aconteceu no 5º ano do ensino médio. Nos bares, Brahma de 600ml teve alta de 9,20%, a Heineken, 20%, e batata frita, 19%. 
Enquanto isso, o salário mínimo subiu de R$ 998 para R$ 1.100, um aumento de 10%.

Segundo o economista e coordenador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, todos esses aumentos atrelados ao dólar diminuem o poder de compra do consumidor e gera uma preocupação na economia do país.

“A gente vê o mercado de uma forma muito perigosa, o consumidor está comprando cada vez menos, só o básico, diversos setores estão esgotados. Enquanto nossa moeda estiver desvalorizada, vai valorizar quem exporta. Quem ganha em real e consome em real o produto atrelado ao dólar vai passar muita dificuldade”, explicou.

“O dólar influencia diretamente nas exportações e está com um preço disparado e isso mostra a necessidade de exportar ao invés de manter um preço dentro dos padrões de consumo para a gente aqui”, acrescentou o economista.

Ele alertou que isso pode trazer consequências desastrosas. “Muita gente não vai conseguir sobreviver porque já passou um período fechado e na hora da retomada em final de ano as pessoas não estão voltando porque não conseguem consumir. Vai haver um problema muito grave”, ressaltou.

Os estabelecimentos comerciais, por exemplo, não estão conseguindo repassar todo o aumento que tiveram com os próprios custos. “Quando a gente vai nos bares e restaurantes a gente vê que está mais caro, mas os donos não estão conseguindo passar o aumento que eles também tiveram na totalidade e isso pode inviabilizar diversos setores. Subiu energia elétrica, arroz, feijão, carne nem se fala, gás de cozinha”, avalia Feliciano.
A grande preocupação do mercado agora é com o surgimento de uma nova cepa do coronavírus que possa trazer novas restrições. Ele explica que todo esse acumulado pode ocasionar na perda das conquistas geradas pelo Plano Real, um conjunto de reformas econômicas implementadas no Brasil, em 1994, no governo de Itamar Franco, para combater a hiperinflação no país. 
“Retomar a economia não é fácil. Se voltar uma nova cepa ninguém sabe o que pode acontecer. A gente pode perder o Plano Real que foi conquistado com muito custo e conseguiu a estabilidade. Hoje, o consumidor não tem como fazer planejamento, não tem estabilidade financeira. Se não valorizar o ganho do trabalhador, dificilmente terá condições de retomar a economia”, alerta.
Também não há grandes expectativas para a economia em 2022, por ser um ano de eleição. “Eleição, no Brasil, historicamente sempre é um ano de especulação. Vai ser um ano de muita conversa e pouca atitude porque vai todo mundo estar no ponto morto esperando quem vai ganhar eleição. As pessoas precisam de um suporte, uma solução”, observa Feliciano.
Confira a pesquisa:

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