Criada nos Estados Unidos, a Black Friday já se tornou uma tradição também no comércio brasileiro. O dia é conhecido pela promessa de encontrar “mega descontos” em diversos produtos, mas também se tornou comum encontrar reclamações de consumidores na data.
Fraudes, produtos que não são entregues ou a prática de aumentar preços antes da data e então diminuir, criando um desconto artificial para chamar atenção, estão entre as principais práticas da data, que chegou a ser apelidada de “Black Fraude” pelos consumidores por conta desses movimentos.
Apesar dos riscos, existem algumas estratégias que podem ajudar os consumidores a driblar falsos descontos e encontrar promoções que realmente valem a pena, permitindo economizar em um contexto de crise.
Os cuidados
Ione Amorim, economista e coordenadora do programa de serviços financeiros do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), afirma que, desde o início da pandemia, o consumidor tem enfrentado uma “situação bem particular”, com o e-commerce ganhando ainda mais espaço.
“Apesar de o comércio eletrônico ter se consolidado como ambiente robusto para a Black Friday, uma parte grande das compras era no presencial, onde a ‘maquiagem’ de preços era mais evidente, por exemplo com sobreposição de etiquetas”, diz.
No ambiente virtual, identificar as “maquiagens de preço” acaba sendo mais difícil, e demanda ou uma pesquisa com antecedência, registrando preços ao longo do tempo, ou acesso ao histórico desse preço.
A própria Black Friday passou a ir além da sexta-feira em que é comemorada nos Estados Unidos, que ocorrerá em 26 de novembro neste ano. Os consumidores brasileiros já devem ser “bombardeados” em breve com promoções e ofertas de grandes descontos, segundo Amorim.
Ela aconselha para aqueles produtos que naturalmente têm demanda maior, como os eletroeletrônicos, a fazer um monitoramento de preços por mais tempo. “Assim, o consumidor consegue ter um cenário melhor para decidir se o preço que está sendo anunciando, até com antecedência, é realmente interessante ou não”, diz.
Para a economista do Idec, a prática do falso desconto ainda é a principal abuso na relação de consumo, o que reforça a importância do monitoramento. Amorim afirma que, provavelmente, muitos produtos já estão com preços maquiados, ou seja, subiram para depois cair.
O Procon também aconselha que as pessoas façam capturas de tela dos preços em períodos anteriores à Black Friday, o que facilita questionamentos caso o preço no período for maior ou for artificialmente encarecido às vésperas do evento para aparentar ter um grande desconto.
Para ajudar o consumidor, diversos sites foram criados para registrar o histórico de preços do produto, evitando a necessidade de fazer um acompanhamento manual. Muitos sites também disponibilizam plug-ins, ferramentas que podem ser instaladas em navegadores, como o Google Chrome, e usadas em sites de compras para comparar preços.
Amorim afirma que é comum que consumidores sem disciplina acabem fazendo compras por impulso, sob efeito de inúmeras ofertas que parecem ser tentadoras. “Tem que ter informação para diferenciar as coisas”.
Outro cuidado importante é o de não gastar mais do que pode. A economista lembra que mais de 70% dos brasileiros estão endividados. As compras na internet são feitas, muitas vezes, por cartão de crédito, e os juros altos podem piorar a situação financeira do comprador.
“Antes de sair comprando, mesmo se achar uma boa promoção, tem que lembrar que vai precisar do cartão de crédito, pagar juros que podem tirar esse benefício da promoção”, diz.
Outro cuidado, segundo ela, é o de ficar atento aos preços do frete, a taxa de entrega, do produto. Não é raro encontrar empresas que acabam compensando o valor do desconto do produto no custo do frete, e aí o consumidor, na prática, não economiza.
No momento da compra, o consumidor também precisa observar se o preço do produto não se altera ao longo do processo de confirmação e realização do pagamento. Novamente, realizar registros da tela do computador ou celular nesse processo ajuda em casos de reclamação.
A economista aconselha ainda que os consumidores tenham atenção aos prazos de entrega. Apesar de ser comum que eles sejam maiores com a Black Friday, pelo volume maior de compras, a empresa é obrigada a dar um prazo de entrega, e cumpri-lo.
Além dos cuidados com os preços, é importante que os consumidores também fiquem atentos aos possíveis sites falsos. “Há a questão de fraudes, roubo de dados, se recebeu mensagem ou proposta, se certifica, não entre em links que não tenha associação do nome da empresa ao link informado”, afirma Amorim.
“O Procon tem uma lista das empresas com dificuldade de segurança ou que são falsas, vale consultar. Às vezes o desconto é ótimo, mas é de uma empresa completamente desconhecida. Se tem um super desconto em um produto muito demandado e não conhece a empresa, desconfie”.
Confira os sites que ajudam os consumidores a verificar os preços de produtos:
Black Friday de Verdade
No site da campanha Black Friday de Verdade é possível encontrar uma lista de lojas certificadas que se comprometeram com boas práticas na data. Elas incluem a realização de descontos reais, comunicação transparente e respeito aos direitos do consumidor.
O site também oferece a opção de baixar um plug-in, ou extensão, com várias funcionalidades. Utilizando ele na página de um produto, é possível ver o histórico de preços, programar um aviso para quando o produto chegar a um determinado preço e comparar o valor com outras lojas. A extensão também encontra cupons que podem ser usados para aumentar descontos.
JáCotei
O site compara preços entre produtos e identifica o local com o maior desconto. É possível também programar notificações para determinados preços e ver o histórico de valores de um produto.
Além do site, há um plug-in e um aplicativo que podem ser usados, com as mesmas funcionalidades.
Proteste
A Proteste é uma entidade de defesa do consumidor que oferece um plug-in. Com ele, é possível testar cupons, comparar preços entre lojas, receber avisos em caso de ofertas e analisar a variação do preço do produto com o tempo.
Buscapé
O site do Buscapé tem uma seção específica para a Black Friday. Nela, é possível filtrar produtos de lojas por faixa de desconto, além de encontrar produtos com o menor preço nos últimos 40 dias. É possível, ainda, receber notificações para ofertas vantajosas. A empresa também possui um aplicativo, com as mesmas funcionalidades.
Zoom
Também com uma seção para a Black Friday, o site do Zoom permite pesquisar produtos por faixa de preço e de desconto. É possível filtrar os produtos para encontrar descontos maiores na comparação com certos períodos de tempo, e pesquisar produtos de determinadas lojas.
ConfieAqui
Desenvolvido pelos responsáveis do site ReclameAqui, o site combina duas funções. Ele compara os preços entre lojas e, além disso, oferece para o consumidor a possibilidade de ver a reputação das empresas que estão fazendo as ofertas, o que ajuda a evitar possíveis fraudes ou a cair em armadilhas.
Os filtros do site também permitem ver a variação histórica dos preços de um produto e definir notificações para determinadas ofertas e preços.
*Sob supervisão de Thâmara Kaoru e Ana Carolina Nunes
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Ferramentas ajudam a acompanhar preços e se preparar para a Black Friday - CNN Brasil
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