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Thursday, September 30, 2021

Por que preço global de alimentos hoje é um dos mais altos da História moderna - G1

Os preços dos alimentos no mundo dispararam quase 33% em setembro de 2021 em comparação com o mesmo período do ano anterior — Foto: Getty Images via BBC

Os preços dos alimentos no mundo dispararam quase 33% em setembro de 2021 em comparação com o mesmo período do ano anterior — Foto: Getty Images via BBC

Os preços dos alimentos no mundo dispararam quase 33% em setembro de 2021 em comparação com o mesmo período do ano anterior.

O dado é do índice de preços de alimentos mensal da Agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que também identificou que os preços globais subiram mais de 3% desde julho, alcançando níveis que não eram vistos desde 2011.

O índice de preços dos alimentos é programado para registrar o resultado das alterações combinadas de preço numa gama de produtos alimentícios, entre eles azeites vegetais, cereais, carne e açúcar - e compará-los mês a mês.

Ele converte os preços praticados atualmente em um índice, que os compara aos níveis de preços médios entre 2002 e 2004. Esta é a fonte padrão para rastrear os preços dos alimentos, conhecidos como preços nominais (que não são ajustados pela inflação).

Embora os preços nominais nos digam o custo monetário da compra de alimentos no mercado, os preços ajustados pela inflação(o que os economistas chamam de preços "reais") são muito mais relevantes para a segurança alimentar: demonstram a facilidade com que as pessoas podem ter acesso à sua própria nutrição.

Os preços de todos os produtos e serviços tendem a aumentar mais rapidamente do que a renda média (embora nem sempre). A inflação significa que os consumidores não só têm que pagar mais por unidade de alimento (devido ao aumento do preço nominal), mas também têm proporcionalmente menos dinheiro para gastar com isso, devido ao aumento paralelo dos preços de tudo o mais, exceto de seus salários e outros proventos. .

Em agosto passado, analisei o Índice de Preços de Alimentos da FAO ajustado pela inflação e descobri que os preços globais reais dos alimentos estavam mais altos do que em 2011, quando os distúrbios alimentares contribuíram para a derrubada de governos na Líbia e no Egito.

Com base nos preços reais, atualmente é mais difícil comprar alimentos no mercado internacional do que em quase qualquer outro ano desde que a ONU começou a registrar esses dados, em 1961. As únicas exceções são 1974 e 1975 - aumentos que ocorreram após um pico no preço do petróleo em 1973, que gerou inflação acelerada em vários setores da economia global, incluindo produção e distribuição de alimentos.

Então, o que está levando os preços dos alimentos a altas recordes agora?

Preço dos combustíveis, clima e covid-19

Os impulsionadores dos preços médios internacionais dos alimentos são sempre complicados. Os preços dos diferentes produtos sobem e descem com base em fatores universais, bem como com base em fatores que são específicos de cada produto e região.

Por exemplo, a alta do preço do petróleo iniciada em 2020 afetou os preços de todos os produtos alimentícios do índice da FAO, ao elevar os custos de produção e transporte de alimentos.

A escassez de mão-de-obra como resultado da pandemia de covid-19 reduziu a disponibilidade de trabalhadores para cultivar, colher, processar e distribuir alimentos - outra razão universal para o aumento dos preços das commodities.

Mas o preço médio real dos alimentos vem subindo desde 2000, revertendo a tendência de queda anterior, iniciada na década de 1960.

Apesar dos esforços globais - que, em parte, responderam às metas estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e subsequentes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para reduzir a fome - os preços têm consistentemente tornado os alimentos menos acessíveis.

Cultivos cruciais

Nenhum produto tem sido consistentemente responsável pelo aumento do preço real médio desde 2000. Mas o índice de preços dos óleos comestíveis aumentou significativamente desde março de 2020, impulsionado principalmente pelos preços dos óleos vegetais, que dispararam 16,9% entre 2019 e 2020.

De acordo com os relatórios da FAO, isso foi devido ao aumento da demanda por biodiesel e padrões climáticos que não contribuíram para a produção rural.

A outra categoria de alimentos com maior efeito no aumento dos preços é o açúcar. Aqui, novamente, o clima desfavorável, incluindo danos causados ​​pela geada no Brasil, reduziu a oferta e inflou os preços.

Os grãos contribuíram menos para o aumento geral dos preços, mas sua disponibilidade em todo o mundo é particularmente importante para a segurança alimentar.

Trigo, cevada, milho, sorgo e arroz são responsáveis ​​por pelo menos 50% da nutrição global e até 80% nos países mais pobres.

O estoque global armazenado dessas safras tem diminuído desde 2017, já que a demanda superou a oferta. A queda nos estoques ajudou a estabilizar os mercados globais, mas os preços subiram acentuadamente desde 2019.

Novamente, as razões por trás das flutuações de cada alimento são complicadas. Mas uma coisa que merece atenção é o número de vezes, desde 2000, que clima "imprevisível" e "desfavorável" tem sido relatado pela FAO como causa de "expectativas de safra reduzidas", "safras afetadas pelo clima" e "declínio da produção".

Pandemia agrava o problema da fome no Brasil e no Mundo

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Medidas urgentes

Os europeus podem só se preocupar com o preço do macarrão quando as secas no Canadá reduzirem a safra de trigo. Mas, à medida que o índice de preço real dos grãos se aproxima dos níveis que transformaram protestos pelo preço do pão em grandes revoltas em 2011, há uma necessidade urgente de considerar como as comunidades em regiões menos ricas podem lidar com essas tensões e evitar distúrbios.

Nossa capacidade tecnológica e organização socioeconômica não conseguem lidar com condições climáticas imprevisíveis e desfavoráveis. Este seria um bom momento para imaginar o abastecimento de alimentos em um mundo mais quente em mais de 2° C, um resultado que hoje é considerado cada vez mais provável de acordo com o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.

Sem mudanças radicais, a deterioração do clima continuará a reduzir o acesso internacional aos alimentos importados, muito além de qualquer precedente histórico.

Preços mais altos reduzirão a segurança alimentar e, se há alguma certeza sólida nas ciências sociais, é que pessoas que passam fome são capazes de adotar medidas radicais para garantir seu sustento.

* Alastair Smith é professor de Desenvolvimento Global Sustentável na University of Warwick, Reino Unido. Seu artigo original foi publicado na The Conversation, cuja versão em inglês você pode ler aqui.

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Gasolina mais cara: 4 motivos para disparada de preço dos combustíveis - BBC News Brasil

  • Camilla Veras Mota - @cavmota
  • Da BBC Brasil em São Paulo

Totem de posto de gasolina

Crédito, ANDRE COELHO/EPA

O preço médio da gasolina no país segue firme acima de R$ 6 — e passa de R$ 7 em algumas localidades.

Os dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) apontam a oitava alta consecutiva na semana até 25 de setembro, em meio a novos recordes na cotação do barril de petróleo e de temores de uma crise energética na Europa.

Entenda, a seguir, quatro fatores que ajudam a explicar por que os preços subiram tanto nos últimos meses — e por que a tendência, pelo menos no curto prazo, não é de alívio.

1. Aumento da demanda

A cotação do petróleo vem em uma sequência de alta forte desde o início do ano. O preço do barril do tipo Brent, referência internacional, passou de US$ 80 na terça-feira (28/9) pela primeira vez desde outubro de 2018.

Uma parte do aumento se deve à maior demanda. Os programas de vacinação contra a covid-19 têm permitido que diversos países reabram suas economias — e o impacto da retomada tem sido em algumas regiões mais forte do que o esperado.

Mas essa não é a única razão.

Como explica a professora da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Julia Braga, a China vem usando mais gás natural como substituto do carvão em suas termelétricas. A medida é parte do esforço do país para cumprir as metas para redução da emissão de poluentes e entra na política de médio e longo prazo de transição energética da China.

"Isso também pressiona o preço do barril", ressalta.

O preço do gás natural disparou nas últimas semanas com o maior consumo também na Europa, surpreendida pela redução da geração de energia renovável, que vinha tendo papel cada vez mais importante na matriz da região.

O cenário acendeu um alerta entre as autoridades, ante a iminência da chegada do inverno no continente, quando o consumo de energia sazonalmente cresce.

Plataforma de petróleo offshore

Crédito, Getty Images

2. Restrição de oferta

Se a demanda por petróleo e derivados cresceu de um lado, a oferta não acompanhou.

Uma das razões vem da própria dinâmica da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep), um cartel que reúne 13 países e concentra cerca de 33% da produção global da commodity (por volta de 30 milhões de barris por dia).

O grupo muitas vezes limita a produção para evitar quedas substanciais nos preços ou mesmo valorizar a cotação do barril.

Isso aconteceu no ano passado, quando a Opep decidiu cortar a produção por conta da pandemia. As atividades estão sendo normalizadas gradativamente, com a expectativa de que a oferta seja completamente retomada até dezembro de 2022.

A demanda, contudo, vem crescendo em ritmo mais rápido.

O salto no preço do barril nos últimos meses tem levado países como os Estados Unidos a pressionar a Opep e seus aliados (que formam, com a organização, a Opep+) a acelerar a retomada. Assim como no Brasil, o preço da gasolina nos EUA deu um salto em 2021.

Dólar e real

Crédito, Getty Images

3. Dólar alto

A valorização do barril de petróleo tem um duplo efeito para países como o Brasil, que passam por uma profunda desvalorização cambial.

O preço sobe não apenas porque a commodity em si custa mais, mas porque o dólar também está mais caro.

"Aí entra muito da crise institucional, a briga entre os poderes", explica Braga.

"E essa imagem muito ruim que o Brasil passa para o mundo inteiro, não apenas na parte política, mas também a visão anti-Ciência [do governo], a política ambiental, com aumento das queimadas, em um momento em que o mundo está cada vez mais sensível a essas questões. Tudo isso acaba afetando a decisão dos investidores internacionais de apostar no Brasil", avalia.

Bomba de gasolina

Crédito, PA

4. Elevação dos preços de biocombustíveis

Os biocombustíveis que entram na composição da gasolina e do diesel também experimentam forte alta, contribuindo para pressionar o preço final dos combustíveis.

O álcool anidro responde por 27% do litro da gasolina vendida dos postos; já o biodiesel hoje equivale a 10% do diesel que sai das bombas.

A soja usada no biodiesel, por sua vez, também está mais cara. Com maior demanda e a oferta também prejudicada pelas estiagens, a cotação da commodity acumula alta de mais de 70%.

Operário agachado e trabalhando em frente a logo da Petrobras pintado no muro

Crédito, Ueslei Marcelino/Reuters

E a Petrobras?

O dólar e a cotação do petróleo vêm tendo mais influência sobre os preços de combustíveis no Brasil desde 2016, quando a Petrobras passou a praticar o Preço de Paridade Internacional (PPI), que se orienta pelas flutuações do mercado internacional.

A mudança de política foi uma resposta ao controle de preços que vigorou na estatal entre 2011 e 2014 como parte de uma estratégia do governo da então presidente Dilma Rousseff (PT) para segurar a inflação.

O caixa da companhia foi duramente afetado. De um lado, arrecadava menos que o potencial; de outro, chegava a subsidiar o preço, importando muitas vezes combustível mais caro e vendendo-o mais barato no mercado interno para fazer frente à demanda.

Os desequilíbrios levaram a empresa a elevar seu nível de endividamento, comprometendo a capacidade de investimento. Esse também foi um período em que bilhões em recursos foram desviados em grandes esquemas de corrupção.

É uma companhia de economia mista e com capital aberto, com investidores privados. A União, contudo, é acionista majoritária.

Nos últimos anos, a companhia não apenas mudou sua política de preços. Ela também mudou seu foco, hoje mais concentrado na extração de petróleo do que no refino, pontua a professora da UFF Julia Braga. O chamado "plano de desinvestimento" da estatal prevê a venda de 8 de suas 13 refinarias.

"O pré-sal é um sucesso retumbante, tem um custo baixíssimo, enquanto a parte do refino não tem tanta competitividade. Então prevaleceu essa ideia de 'desverticalizar' para preservar sua geração de lucro", afirma a economista.

Uma capacidade menor de refino, diz a economista, significa maior dependência das importações, o que deixa a empresa com menor margem de manobra para amortecer as flutuações do mercado internacional sobre os preços.

"Agora a gente está vendo que esse outro extremo [em termos de visão para a empresa] 'cobra seu preço'. Você perde esse instrumento que poderia ser usado para tentar não repassar de imediato toda a volatilidade que se vê nos preços do petróleo", completa.

E o ICMS?

No caso da gasolina, a Petrobras responde por cerca de 34% do preço pago pelos consumidores. A estrutura de precificação foi utilizada nesta semana pelo presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, como argumento para defender a atual política de preços. Na ocasião, ele afirmou que "tudo o que excede R$ 2" não é responsabilidade da companhia.

Além dos 34% da Petrobras, cerca de 16,5% representam o custo do etanol anidro, 10,7% vão para distribuição e revenda, 11,3% correspondem aos tributos federais PIS/Pasep e Cofins e 27,7% ao ICMS, tributo estadual.

Há meses o ICMS tem sido objeto de atritos entre o governo federal e os Estados. No fim de agosto, Bolsonaro chegou a afirmar em entrevista que a alta dos combustíveis se devia à "ganância dos governadores".

Nesse sentido, Braga pondera que as alíquotas de ICMS praticadas pelos Estados não foram alteradas e, assim, não se pode atribuir o aumento nos preços ao tributo.

O valor nominal de ICMS pago por litro de combustível cresceu porque seu custo, usado como base para o cálculo, está maior.

As alíquotas, contudo, são as mesmas praticadas antes da atual crise: tanto em maio do ano passado, quando a gasolina custava em média R$ 4,00, quanto neste mês de setembro, com o preço a R$ 6, o percentual cobrado em São Paulo, por exemplo, é o mesmo, 25%.

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Inflação desorienta mercado e preço do mesmo item chega a variar mais de 500% - UOL

A disparada da inflação, que bateu 10% em 12 meses até setembro, segundo o IPCA-15, trouxe um problema adicional para os brasileiros na hora de ir às compras: uma grande variação de preço de um mesmo produto entre estabelecimentos diferentes.

Levantamento das cotações de 15 itens de consumo básico, entre alimentos e produtos de higiene e limpeza, revela diferença de até 578% no preço do mesmo creme dental. A embalagem do produto com 90 gramas, da mesma marca, foi encontrada pelo menor preço de R$ 1,18 e o maior, de R$ 8.

Discrepâncias na casa de três dígitos entre a maior e a menor cotação de um mesmo produto - algo que não era incomum encontrar antes do Plano Real - também foram constatadas no leite de caixinha (408,3%), sabonete (328,3%), macarrão (184,3%), sal (155,2%), feijão (126,8%), café (106,7%) e detergente líquido (104,7%). O óleo de soja e o arroz apareceram na pesquisa com variações de 69,5% e 70,7%, respectivamente.

O levantamento, feito a pedido do Estadão pelo economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, mostra que todos os 15 itens registraram variações significativas. A diferença mais modesta, de 20,8%, apareceu no pão de forma industrializado, cujo maior preço foi R$ 7,20 e o menor, de R$ 5,96.

Os preços foram pesquisados na última sexta-feira, por meio da ferramenta do Google Shopping Brasil. Entre os critérios usados para fazer o levantamento, de âmbito nacional e que incluiu grandes varejistas, estão o fato de o produto ser representativo do consumo básico do brasileiro e estar disponível em pelo menos dez lojas físicas ou virtuais.

"As variações entre o maior e o menor preço de um mesmo produto tendem a aumentar geralmente quando as expectativas de inflação são divergentes", afirma Bentes.

No momento atual, em que a inflação em 12 meses passa de 10%, e as expectativas de inflação, segundo o Boletim Focus do Banco Central, são crescentes por 25 semanas seguidas (cerca de seis meses), estabelecer um preço é uma tarefa bastante complexa, diz Bentes.

"A dispersão entre o maior e o menor preço é alimentada pelas expectativas de inflação maior, porque, quando os agentes econômicos vão formar preço, eles têm de levar em consideração o custo da energia, a negociação com o fabricante e também a expectativa de inflação futura para poder resguardar a sua margem", argumenta.

Essa grande variação de preços é resultado das estratégias escolhidas pelos varejistas. "Não são todos os varejistas que vão colocar gordura nos preços, há aqueles que vão manter preço baixo para tentar ganhar no volume de venda." O resultado dessas estratégias é uma grande dispersão de preços.

Pandemia

Além da grande volatilidade nas expectativas de inflação, o economista Fábio Silveira, sócio da consultoria MacroSector, atribui essa grande dispersão entre preços à desorganização das cadeias de produção por conta da pandemia.

"Desde março do ano passado, o processo de produção está volátil e desorientado", lembra o economista. Nesse período, as linhas de produção foram interrompidas e depois retomadas, com insumos comprados por diferentes preços no mercado doméstico e internacional. "Há uma descoordenação imensa não só por causa dos ciclos de produção, mas também por custos de matérias-primas, variação de câmbio e giro de estoques", observa Silveira.

Na sua avaliação, a economia mundial enfrenta uma grande irracionalidade nas cadeias produtivas e nos processos de formação de preços, sendo pior o quadro no Brasil. Silveira acredita que serão necessários até dois anos para que o equilíbrio seja restabelecido e os preços de um produto comecem a convergir para um mesmo patamar.

A partir do levantamento da CNC, a reportagem escolheu seis itens - arroz, feijão, açúcar, café, leite e óleo de soja - e calculou qual seria o custo dessa cesta pelo maior e pelo menor preço. As contas do valor da cesta foram feitas considerando a quantidade consumida por uma família de quatro pessoas, critério seguido pela Fundação Procon de São Paulo.

A cesta com os produtos mais caros custaria R$ 428,98, mais do que o dobro do valor da mesma cesta com os produtos mais baratos (R$ 204,92).

Bentes lembra que a alimentação no domicílio representa 25% do orçamento do brasileiro comum, segundo Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE.

Hoje, a internet é uma ferramenta importante para pesquisar preços. "Ficou mais fácil para quem tem acesso à informação", afirma o economista.

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4 motivos para disparada de preço dos combustíveis - G1

Preço da gasolina subiu mais de 30% em 2021 — Foto: ANDRE COELHO/EPA

Preço da gasolina subiu mais de 30% em 2021 — Foto: ANDRE COELHO/EPA

O preço médio da gasolina no país segue firme acima de R$ 6 — e passa de R$ 7 em algumas localidades.

Os dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) apontam a oitava alta consecutiva na semana até 25 de setembro, em meio a novos recordes na cotação do barril de petróleo e de temores de uma crise energética na Europa.

Entenda, a seguir, quatro fatores que ajudam a explicar por que os preços subiram tanto nos últimos meses — e por que a tendência, pelo menos no curto prazo, não é de alívio.

LEIA TAMBÉM:

1. Aumento da demanda

A cotação do petróleo vem em uma sequência de alta forte desde o início do ano. O preço do barril do tipo Brent, referência internacional, passou de US$ 80 na terça-feira (28/9) pela primeira vez desde outubro de 2018.

Uma parte do aumento se deve à maior demanda. Os programas de vacinação contra a covid-19 têm permitido que diversos países reabram suas economias — e o impacto da retomada tem sido em algumas regiões mais forte do que o esperado.

Mas essa não é a única razão.

Como explica a professora da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Julia Braga, a China vem usando mais gás natural como substituto do carvão em suas termelétricas. A medida é parte do esforço do país para cumprir as metas para redução da emissão de poluentes e entra na política de médio e longo prazo de transição energética da China.

"Isso também pressiona o preço do barril", ressalta.

O preço do gás natural disparou nas últimas semanas com o maior consumo também na Europa, surpreendida pela redução da geração de energia renovável, que vinha tendo papel cada vez mais importante na matriz da região.

Muitos dos parques eólicos do continente estão produzindo menos do que a capacidade porque tem ventado menos. Nesta quarta (29/9), a SSE Renewables, empresa britânica do setor, afirmou em comunicado que sua produção entre abril e setembro ficou 32% abaixo do previsto e apontou como uma das razões o fato de o último verão ter sido um dos que menos ventou na Irlanda e Reino Unido.

O cenário acendeu um alerta entre as autoridades, ante a iminência da chegada do inverno no continente, quando o consumo de energia sazonalmente cresce.

2. Restrição de oferta

Se a demanda por petróleo e derivados cresceu de um lado, a oferta não acompanhou.

Uma das razões vem da própria dinâmica da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep), um cartel que reúne 13 países e concentra cerca de 33% da produção global da commodity (por volta de 30 milhões de barris por dia).

O grupo muitas vezes limita a produção para evitar quedas substanciais nos preços ou mesmo valorizar a cotação do barril.

Isso aconteceu no ano passado, quando a Opep decidiu cortar a produção por conta da pandemia. As atividades estão sendo normalizadas gradativamente, com a expectativa de que a oferta seja completamente retomada até dezembro de 2022.

A demanda, contudo, vem crescendo em ritmo mais rápido.

O salto no preço do barril nos últimos meses tem levado países como os Estados Unidos a pressionar a Opep e seus aliados (que formam, com a organização, a Opep+) a acelerar a retomada. Assim como no Brasil, o preço da gasolina nos EUA deu um salto em 2021.

3. Dólar alto

A valorização do barril de petróleo tem um duplo efeito para países como o Brasil, que passam por uma profunda desvalorização cambial.

O preço sobe não apenas porque a commodity em si custa mais, mas porque o dólar também está mais caro.

Uma série de fatores explica porque a moeda americana tem se mantido em patamar elevado, acima de R$ 5 por dólar. Alguns são externos, como a expectativa de aumento de juros nos Estados Unidos e de retirada do programa de estímulos monetários, outros, internos.

"Aí entra muito da crise institucional, a briga entre os poderes", explica Braga.

"E essa imagem muito ruim que o Brasil passa para o mundo inteiro, não apenas na parte política, mas também a visão anti-Ciência [do governo], a política ambiental, com aumento das queimadas, em um momento em que o mundo está cada vez mais sensível a essas questões. Tudo isso acaba afetando a decisão dos investidores internacionais de apostar no Brasil", avalia.

4. Elevação dos preços de biocombustíveis

Os biocombustíveis que entram na composição da gasolina e do diesel também experimentam forte alta, contribuindo para pressionar o preço final dos combustíveis.

O álcool anidro responde por 27% do litro da gasolina vendida dos postos; já o biodiesel hoje equivale a 10% do diesel que sai das bombas.

O primeiro acumula alta de quase 60% desde o início do ano, conforme os dados do Cepea/Esalq. O salto é consequência direta dos efeitos climáticos adversos que têm se abatido sobre o país: a falta de chuvas e as geadas de junho e julho reduziram a produção das lavouras de cana-de-açúcar, sua matéria-prima.

A soja usada no biodiesel, por sua vez, também está mais cara. Com maior demanda e a oferta também prejudicada pelas estiagens, a cotação da commodity acumula alta de mais de 70%.

E a Petrobras?

O dólar e a cotação do petróleo vêm tendo mais influência sobre os preços de combustíveis no Brasil desde 2016, quando a Petrobras passou a praticar o Preço de Paridade Internacional (PPI), que se orienta pelas flutuações do mercado internacional.

A mudança de política foi uma resposta ao controle de preços que vigorou na estatal entre 2011 e 2014 como parte de uma estratégia do governo da então presidente Dilma Rousseff (PT) para segurar a inflação.

O caixa da companhia foi duramente afetado. De um lado, arrecadava menos que o potencial; de outro, chegava a subsidiar o preço, importando muitas vezes combustível mais caro e vendendo-o mais barato no mercado interno para fazer frente à demanda.

Os desequilíbrios levaram a empresa a elevar seu nível de endividamento, comprometendo a capacidade de investimento. Esse também foi um período em que bilhões em recursos foram desviados em grandes esquemas de corrupção.

Apesar de a estatal não ter monopólio sobre o refino no Brasil, a Petrobras ainda é a principal fornecedora de combustíveis no país. É dona de 13 das 18 refinarias em território nacional e concentra 98,6% da capacidade total de produção, conforme os dados da ANP relativos a 2020. Assim, os preços praticados pela empresa acabam tendo reflexo sobre toda a cadeia.

É uma companhia de economia mista e com capital aberto, com investidores privados. A União, contudo, é acionista majoritária.

Nos últimos anos, a companhia não apenas mudou sua política de preços. Ela também mudou seu foco, hoje mais concentrado na extração de petróleo do que no refino, pontua a professora da UFF Julia Braga. O chamado "plano de desinvestimento" da estatal prevê a venda de 8 de suas 13 refinarias.

"O pré-sal é um sucesso retumbante, tem um custo baixíssimo, enquanto a parte do refino não tem tanta competitividade. Então prevaleceu essa ideia de 'desverticalizar' para preservar sua geração de lucro", afirma a economista.

Uma capacidade menor de refino, diz a economista, significa maior dependência das importações, o que deixa a empresa com menor margem de manobra para amortecer as flutuações do mercado internacional sobre os preços.

"Agora a gente está vendo que esse outro extremo [em termos de visão para a empresa] 'cobra seu preço'. Você perde esse instrumento que poderia ser usado para tentar não repassar de imediato toda a volatilidade que se vê nos preços do petróleo", completa.

No caso da gasolina, a Petrobras responde por cerca de 34% do preço pago pelos consumidores. A estrutura de precificação foi utilizada nesta semana pelo presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, como argumento para defender a atual política de preços. Na ocasião, ele afirmou que "tudo o que excede R$ 2" não é responsabilidade da companhia.

Além dos 34% da Petrobras, cerca de 16,5% representam o custo do etanol anidro, 10,7% vão para distribuição e revenda, 11,3% correspondem aos tributos federais PIS/Pasep e Cofins e 27,7% ao ICMS, tributo estadual.

Há meses o ICMS tem sido objeto de atritos entre o governo federal e os Estados. No fim de agosto, Bolsonaro chegou a afirmar em entrevista que a alta dos combustíveis se devia à "ganância dos governadores".

Nesse sentido, Braga pondera que as alíquotas de ICMS praticadas pelos Estados não foram alteradas e, assim, não se pode atribuir o aumento nos preços ao tributo.

O valor nominal de ICMS pago por litro de combustível cresceu porque seu custo, usado como base para o cálculo, está maior.

As alíquotas, contudo, são as mesmas praticadas antes da atual crise: tanto em maio do ano passado, quando a gasolina custava em média R$ 4,00, quanto neste mês de setembro, com o preço a R$ 6, o percentual cobrado em São Paulo, por exemplo, é o mesmo, 25%.

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Preço da gasolina oscilando entre R$ 5839 e R$ 6099 em João Pessoa; veja locais que cobram mais barato - HORA 7

Pesquisa comparativa para combustíveis realizada pelo Procon nessa quarta-feira (29) encontrou o preço da gasolina (para pagamento à vista) oscilando entre R$ 5,839 e R$ 6,099, diferença de R$ 0,26, com o menor valor mostrando alta de seis centavos se comparado à semana passada, quando estava em R$ 5,779. O Procon-JP visitou 110 postos que […]

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Pesquisa comparativa para combustíveis realizada pelo Procon nessa quarta-feira (29) encontrou o preço da gasolina (para pagamento à vista) oscilando entre R$ 5,839 e R$ 6,099, diferença de R$ 0,26, com o menor valor mostrando alta de seis centavos se comparado à semana passada, quando estava em R$ 5,779. O Procon-JP visitou 110 postos que estão em atividade em João Pessoa.

Veja o levantamento completo e saiba onde comprar mais barato

Para pagamento no cartão, o menor preço da gasolina permanece o mesmo, já o maior sofre diferenciação para mais e está sendo praticado a R$ 6,179. O produto teve aumento em 31 postos em relação à pesquisa do último dia 23, com 18 reduzindo e 61 mantendo o mesmo valor nas bombas. A gasolina também mantém a menor variação, 4,5%, com o Gás Natural Veicular (GNV) mostrando a maior, 20,8%.

De acordo com o secretário Rougger Guerra, o Procon-JP continuará atento aos preços dos combustíveis que estão sendo praticados nas bombas para evitar que haja abuso, principalmente quando do anúncio de aumento por parte da Petrobras. “Esta semana foi divulgado reajuste para o óleo diesel por parte das distribuidoras e a pesquisa atual já servirá de parâmetro para avaliarmos o comportamento do mercado”.

Álcool

O menor preço do litro do álcool continua o mesmo se comparado à pesquisa do Procon-JP do dia 23 de setembro: R$ 4,899, e vem se mantendo há cinco semanas. Já o maior mostrou redução, caindo de R$ 5,419 para R$ 5,399. Em relação à semana passada, um posto aumentou, 14 reduziram e 92 mantiveram o mesmo preço do produto.

S10

O preço do diesel S10 continua o mesmo se comparado ao levantamento da semana passada, oscilando entre R$ 4,578 e R$ 4,999. Quatro estabelecimentos reduziram o preço do produto, 14 aumentaram e 80 mantiveram o mesmo valor do dia 23 de setembro.

GNV

O Gás Natural Veicular (GNV) continua com os mesmos preços da pesquisa anterior, oscilando entre R$ 4,129 e R$ 4,989. Todos os 13 revendedores do produto em atividade no dia da pesquisa do Procon-JP mantiveram o mesmo preço registrado na semana passada.

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Os dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) apontam a oitava alta consecutiva na semana até 25 de setembro, em meio a novos recordes na cotação do barril de petróleo e de temores de uma crise energética na Europa.

Entenda, a seguir, quatro fatores que ajudam a explicar por que os preços subiram tanto nos últimos meses — e por que a tendência, pelo menos no curto prazo, não é de alívio.

1. Aumento da demanda

A cotação do petróleo vem em uma sequência de alta forte desde o início do ano. O preço do barril do tipo Brent, referência internacional, passou de US$ 80 na terça-feira (28/9) pela primeira vez desde outubro de 2018.

Uma parte do aumento se deve à maior demanda. Os programas de vacinação contra a covid-19 têm permitido que diversos países reabram suas economias — e o impacto da retomada tem sido em algumas regiões mais forte do que o esperado.

Mas essa não é a única razão.

Como explica a professora da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Julia Braga, a China vem usando mais gás natural como substituto do carvão em suas termelétricas. A medida é parte do esforço do país para cumprir as metas para redução da emissão de poluentes e entra na política de médio e longo prazo de transição energética da China.

"Isso também pressiona o preço do barril", ressalta.

O preço do gás natural disparou nas últimas semanas com o maior consumo também na Europa, surpreendida pela redução da geração de energia renovável, que vinha tendo papel cada vez mais importante na matriz da região.

Muitos dos parques eólicos do continente estão produzindo menos do que a capacidade porque tem ventado menos. Nesta quarta (29/9), a SSE Renewables, empresa britânica do setor, afirmou em comunicado que sua produção entre abril e setembro ficou 32% abaixo do previsto e apontou como uma das razões o fato de o último verão ter sido um dos que menos ventou na Irlanda e Reino Unido.

O cenário acendeu um alerta entre as autoridades, ante a iminência da chegada do inverno no continente, quando o consumo de energia sazonalmente cresce.

Produção entre países da Opep tem crescido em ritmo mais lento do que a demanda - Getty Images - Getty Images

Produção entre países da Opep tem crescido em ritmo mais lento do que a demanda

Imagem: Getty Images

2. Restrição de oferta

Se a demanda por petróleo e derivados cresceu de um lado, a oferta não acompanhou.

Uma das razões vem da própria dinâmica da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep), um cartel que reúne 13 países e concentra cerca de 33% da produção global da commodity (por volta de 30 milhões de barris por dia).

O grupo muitas vezes limita a produção para evitar quedas substanciais nos preços ou mesmo valorizar a cotação do barril.

Isso aconteceu no ano passado, quando a Opep decidiu cortar a produção por conta da pandemia. As atividades estão sendo normalizadas gradativamente, com a expectativa de que a oferta seja completamente retomada até dezembro de 2022.

A demanda, contudo, vem crescendo em ritmo mais rápido.

O salto no preço do barril nos últimos meses tem levado países como os Estados Unidos a pressionar a Opep e seus aliados (que formam, com a organização, a Opep+) a acelerar a retomada. Assim como no Brasil, o preço da gasolina nos EUA deu um salto em 2021.

Dólar se mantém resistente acima de R$ 5 - Getty Images - Getty Images

Dólar se mantém resistente acima de R$ 5

Imagem: Getty Images

3. Dólar alto

A valorização do barril de petróleo tem um duplo efeito para países como o Brasil, que passam por uma profunda desvalorização cambial.

O preço sobe não apenas porque a commodity em si custa mais, mas porque o dólar também está mais caro.

Uma série de fatores explica porque a moeda americana tem se mantido em patamar elevado, acima de R$ 5 por dólar. Alguns são externos, como a expectativa de aumento de juros nos Estados Unidos e de retirada do programa de estímulos monetários, outros, internos.

"Aí entra muito da crise institucional, a briga entre os poderes", explica Braga.

"E essa imagem muito ruim que o Brasil passa para o mundo inteiro, não apenas na parte política, mas também a visão anti-Ciência [do governo], a política ambiental, com aumento das queimadas, em um momento em que o mundo está cada vez mais sensível a essas questões. Tudo isso acaba afetando a decisão dos investidores internacionais de apostar no Brasil", avalia.

Política de preços da Petrobras acompanha mercado internacional desde 2016 - PA - PA

Política de preços da Petrobras acompanha mercado internacional desde 2016

Imagem: PA

4. Elevação dos preços de biocombustíveis

Os biocombustíveis que entram na composição da gasolina e do diesel também experimentam forte alta, contribuindo para pressionar o preço final dos combustíveis.

O álcool anidro responde por 27% do litro da gasolina vendida dos postos; já o biodiesel hoje equivale a 10% do diesel que sai das bombas.

O primeiro acumula alta de quase 60% desde o início do ano, conforme os dados do Cepea/Esalq. O salto é consequência direta dos efeitos climáticos adversos que têm se abatido sobre o país: a falta de chuvas e as geadas de junho e julho reduziram a produção das lavouras de cana-de-açúcar, sua matéria-prima.

A soja usada no biodiesel, por sua vez, também está mais cara. Com maior demanda e a oferta também prejudicada pelas estiagens, a cotação da commodity acumula alta de mais de 70%.

Plano estratégico da Petrobras foca na extração e reduz refino - Ueslei Marcelino/Reuters - Ueslei Marcelino/Reuters

Plano estratégico da Petrobras foca na extração e reduz refino

Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

E a Petrobras?

O dólar e a cotação do petróleo vêm tendo mais influência sobre os preços de combustíveis no Brasil desde 2016, quando a Petrobras passou a praticar o Preço de Paridade Internacional (PPI), que se orienta pelas flutuações do mercado internacional.

A mudança de política foi uma resposta ao controle de preços que vigorou na estatal entre 2011 e 2014 como parte de uma estratégia do governo da então presidente Dilma Rousseff (PT) para segurar a inflação.

O caixa da companhia foi duramente afetado. De um lado, arrecadava menos que o potencial; de outro, chegava a subsidiar o preço, importando muitas vezes combustível mais caro e vendendo-o mais barato no mercado interno para fazer frente à demanda.

Os desequilíbrios levaram a empresa a elevar seu nível de endividamento, comprometendo a capacidade de investimento. Esse também foi um período em que bilhões em recursos foram desviados em grandes esquemas de corrupção.

Apesar de a estatal não ter monopólio sobre o refino no Brasil, a Petrobras ainda é a principal fornecedora de combustíveis no país. É dona de 13 das 18 refinarias em território nacional e concentra 98,6% da capacidade total de produção, conforme os dados da ANP relativos a 2020. Assim, os preços praticados pela empresa acabam tendo reflexo sobre toda a cadeia.

É uma companhia de economia mista e com capital aberto, com investidores privados. A União, contudo, é acionista majoritária.

Nos últimos anos, a companhia não apenas mudou sua política de preços. Ela também mudou seu foco, hoje mais concentrado na extração de petróleo do que no refino, pontua a professora da UFF Julia Braga. O chamado "plano de desinvestimento" da estatal prevê a venda de 8 de suas 13 refinarias.

"O pré-sal é um sucesso retumbante, tem um custo baixíssimo, enquanto a parte do refino não tem tanta competitividade. Então prevaleceu essa ideia de 'desverticalizar' para preservar sua geração de lucro", afirma a economista.

Uma capacidade menor de refino, diz a economista, significa maior dependência das importações, o que deixa a empresa com menor margem de manobra para amortecer as flutuações do mercado internacional sobre os preços.

"Agora a gente está vendo que esse outro extremo [em termos de visão para a empresa] 'cobra seu preço'. Você perde esse instrumento que poderia ser usado para tentar não repassar de imediato toda a volatilidade que se vê nos preços do petróleo", completa.

E o ICMS?

No caso da gasolina, a Petrobras responde por cerca de 34% do preço pago pelos consumidores. A estrutura de precificação foi utilizada nesta semana pelo presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, como argumento para defender a atual política de preços. Na ocasião, ele afirmou que "tudo o que excede R$ 2" não é responsabilidade da companhia.

Além dos 34% da Petrobras, cerca de 16,5% representam o custo do etanol anidro, 10,7% vão para distribuição e revenda, 11,3% correspondem aos tributos federais PIS/Pasep e Cofins e 27,7% ao ICMS, tributo estadual.

Há meses o ICMS tem sido objeto de atritos entre o governo federal e os Estados. No fim de agosto, Bolsonaro chegou a afirmar em entrevista que a alta dos combustíveis se devia à "ganância dos governadores".

Nesse sentido, Braga pondera que as alíquotas de ICMS praticadas pelos Estados não foram alteradas e, assim, não se pode atribuir o aumento nos preços ao tributo.

O valor nominal de ICMS pago por litro de combustível cresceu porque seu custo, usado como base para o cálculo, está maior.

As alíquotas, contudo, são as mesmas praticadas antes da atual crise: tanto em maio do ano passado, quando a gasolina custava em média R$ 4,00, quanto neste mês de setembro, com o preço a R$ 6, o percentual cobrado em São Paulo, por exemplo, é o mesmo, 25%.

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Gasolina mais cara: 4 motivos para disparada de preço dos combustíveis - UOL
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Wednesday, September 29, 2021

Biden quer estimular competição para baixar preço da carne nos EUA - Folha de S.Paulo

Em Washington, uma bandeja de bifes no supermercado dificilmente custa menos de US$ 10 (R$ 54). Um Big Mac, com acompanhamentos e taxas, está na mesma faixa de preço. O governo de Joe Biden tem achado esses valores muito caros, e decidiu intervir para tentar aumentar a competição no mercado de carne.

Desde dezembro de 2020, o preço da proteína bovina para consumo doméstico subiu 14%, a de porco 12,1%, e a de aves, 6,6%, segundo dados do governo americano. Isso impacta a inflação dos alimentos em geral, o que pode atrapalhar a retomada econômica no pós-pandemia.

A Casa Branca apontou os grandes frigoríficos como culpados pela alta. Os quatro principais nomes do setor são as americanas Cargill e Tyson Foods, a JBS, de origem brasileira, e a National Beef, controlada pela também brasileira Marfrig. Juntos, respondem por 55% a 85% do mercado americano de carne, dependendo do tipo de origem animal, e estão aumentando os preços ao cliente final, embora os preços pagos aos fazendeiros tenham se mantido.

"Os processadores de carne estão gerando lucros recordes durante a pandemia, à custa dos consumidores e fazendeiros. O preço do bife subiu muito mais do que o preço de compra dos animais", acusou o governo, em um comunicado.

A gestão Biden também destaca que os frigoríficos dos EUA têm batido recordes históricos nas margens de lucro, que têm chegado a 18%, ante 12% antes da pandemia, e que só a JBS gerou US$ 2,3 bilhões (R$ 12,5 bilhões) em dividendos em 2020.

A Casa Branca anunciou medidas, como o reforço nas investigações e ações judiciais contra empresas suspeitas de combinar preços. Em um desses processos, em fevereiro, o Pilgrim's Pride, parte do grupo JBS, se declarou culpado e teve de pagar uma multa de US$ 107 milhões (R$ 579,6 milhões) por participar de uma conspiração nacional para fixar preços de frango e dificultar a concorrência. A investigação segue em andamento.

Em outra frente, o governo prometeu US$ 1,4 bilhão (R$ 7,6 bilhões) para ajudar pequenos produtores, processadores e distribuidores de carne. Além disso, o Departamento de Agricultura investirá mais US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões) em recursos para ajudar novos competidores que queiram entrar nesse mercado, a serem gastos em empréstimos e assistência técnica.

Haverá também apoio para produtores afetados por problemas ambientais, como as secas e queimadas que atingem o oeste e o meio-oeste do país.

As empresas dizem que a alta de preços não é culpa da forma como trabalham, mas sim da alta na demanda e da dificuldade em encontrar funcionários para cobrir os turnos nos frigoríficos e fábricas.

"Com a pandemia, tivemos um absenteísmo significativo. Isso gerou queda drástica na capacidade de operar, o que levou a um excesso de oferta de gado e à falta de oferta de bife, enquanto a demanda por produtos de carne estava em uma alta histórica. Com isso, o preço do gado caiu, enquanto o preço do bife subiu", disse Shane Miller, presidente da Tyson Fresh Meats, em uma audiência no Senado dos EUA, no fim de julho, na qual executivos foram chamados para explicar a subida de preços.

Miller ressaltou que o ciclo de criação de gado, do nascimento ao abate, leva cerca de três anos. Assim, se os frigoríficos param de comprar animais subitamente, gera-se um excedente. "Os fornecedores de animais não podem simplesmente 'desligar' o suprimento porque o mercado demanda menos", disse.

O presidente da Tyson disse esperar que a indústria consiga retomar seu ritmo normal à medida que os trabalhadores voltarem a atuar em ritmo normal. Para atrair mais funcionários, as empresas estão pagando a partir de US$ 22 por hora de expediente —o salário mínimo federal é de US$ 7,25 por hora, e oferecendo mais benefícios.

O executivo criticou a ideia de ampliar a participação de frigoríficos menores no mercado. "Trabalhamos com milhares de pequenos negócios, mas ter os americanos dependendo apenas de uma rede de pequenos processadores criaria ineficiência no sistema e as famílias pagariam muito mais por sua carne", alertou Miller.

A JBS também defende o modelo em vigor. "A eficiência do sistema atual, cuja estrutura teve poucas mudanças significativas nos últimos 25 anos, permite aos americanos gastar uma parte menor de sua renda em comida do que em qualquer outro país do mundo e a ter alguns dos menores preços de proteínas entre os países desenvolvidos", disse a empresa, em nota. Procurada pela Folha, a Marfrig não quis se pronunciar.

"Nos últimos três meses, tivemos encontros com autoridades da Casa Branca e do Departamento de Agricultura, nos quais houve discussões robustas, mas em nenhum deles os funcionários do governo sugeriram que a alta de preços ocorria por causa da estrutura da indústria", disse Julie Anna Potts, presidente do Meat Institute, entidade que reúne empresários do setor de carne, em uma carta pública divulgada na terça (14).

Kevin Grier, consultor do mercado de carne norte-americano há 25 anos, avalia que as medidas do governo Biden não terão efeito nos preços. Para ele, os valores só baixarão conforme houver mudanças na demanda e mais gente se dispor a trabalhar nos frigoríficos, o que pode ocorrer conforme os pagamentos emergenciais criados na pandemia vão sendo retirados.

“Com o dinheiro extra vindo dos auxílios, muitas famílias que compravam coxas de frango passaram a levar bifes. A principal razão para a alta dos preços é a demanda estar muito forte, e as medidas anunciadas pela Casa Branca [para intervir no setor] não terão como mudar isso”, avalia.

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Preço da cerveja vai aumentar a partir de outubro no Brasil - G1

Diferentes tipos de copos de cerveja — Foto: Ambev/ Divulgação

Diferentes tipos de copos de cerveja — Foto: Ambev/ Divulgação

O preço da cerveja vai aumentar no Brasil a partir de outubro. A Ambev, dona das marcas Brahma, Skol e Stella Artois, confirmou que vai reajustar os preços de seus produtos nesta terça-feira (29).

“A Ambev faz, periodicamente, ajustes nos preços de seus produtos e as mudanças variam de acordo com as regiões, marca, canal de venda e embalagem”, disse a empresa, em nota ao g1.

A fabricante não informou o percentual de reajuste dos preços e se eles serão aplicados apenas em bares e restaurantes ou também para venda avulsa para consumo no domicílio.

De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), os associados de São Paulo informaram que o aumento virá '"alinhado com a inflação acumulada nos últimos 12 meses, que gira em torno de 10%”. A entidade não tem informações sobre outros estados.

Questionada pela reportagem, a Heineken disse não ter previsão de reajuste no último trimestre do ano e que “revisões na tabela de preços estão relacionadas à dinâmica natural do mercado brasileiro.”

O Grupo Petrópolis, por sua vez, foi procurado pelo g1, mas não disse se manifestar sobre o tema.

Inflação

De acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, a cerveja para consumo no domicílio registrou aumento nos preços de 0,29% em agosto, 3,49% no ano e 7,62% no acumulado em 12 meses. Já a cerveja para consumo fora de casa sofreu elevação de 0,05% no mês, de 3,14% no ano e de 5,94% no acumulado em 12 meses.

Essa semana, a Associação Nacional de Restaurantes (ANR) divulgou pesquisa, em parceria com a consultoria Galunion, mostrando que 62% dos restaurantes, bares, cafés e lanchonetes ainda não recuperaram as vendas em relação à pré-pandemia. Ou seja, na comparação entre julho de 2021 e julho de 2019.

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Composição do preço varia: entenda o que pesa mais para gasolina, gás e diesel - CNN Brasil

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A composição dos preços varia conforme os combustíveis.

No caso do diesel, cujo valor cobrado pela Petrobras às refinarias subiu em quase 9% nesta quarta-feita (29), o maior peso vai para o custo de produção, com contribuição de 52,1% no valor total. É esse montante sofre maior influência de fatores externos, como cotação internacional do petróleo e câmbio.

Em segundo lugar, vem o ICMS (16%), imposto estadual que vem sendo criticado pelo governo federal, já que seu valor varia. Na sequência, com 14%, vem o custo do biodiesel, que precisa ser misturado ao combustível.

Preços - combustíveis
Preços – combustíveis / CNN Brasil

Com 11%, vem o custo da distribuição e, por fim, com 6,9%, vêm os impostos federais Cide, PIS, Pasep e Cofins.

No caso da gasolina, o ICMS tem um peso maior, de 27,7%, seguido dos impostos federais, com 11,3%. O maior peso do preço final fica para a realização da Petrobras (33,4%).

Já para o GLP (gás de cozinha), o ICMS é de 14,8%, a realização da Petrobras, de 47,5% e outros impostos, 0, porque o governo zerou o custo do gás.

A diferença da composição entre os combustíveis é explicada, no caso do gás, por exemplo, pelo custo da distribuição. O trabalho para fazer o gás chegar aos consumidores é maior se comparado com a gasolina ou o diesel, já que o setor é mais pulverizado, explica Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura.

O custo da distribuição é menor para a gasolina, levada por um caminhão até os postos, com um setor menor pulverizado.

Diesel
Diesel / CNN Brasil

Gasolina brasileira fica no meio do ranking de preços

O preço da gasolina brasileira não é a mais cara nem a mais barata do mundo. Por R$ 6,09 por litro, o combustível fica em 81° lugar em ranking de setembro, que considera 168 países.

Ou seja, o país fica no meio da lista produzida pela Global Petrol Prices, site especializado no assunto. Isso indica que a tributação sobre o combustível no Brasil, em cerca de 40%, está em linha com a média.

A gasolina mais barata é a da Venezuela, onde o litro fica em R$ 0,10. Na sequência, vem o Irã, com R$ 0,32.

Gasolina
Gasolina / CNN Brasil

(Publicado Por Ligia Tuon)

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Ovos: preço médio é 1,4% superior ao recebido no mesmo período do ano passado - Agrolink

A reposição de ovos na abertura da semana mostrou maior dinamismo pelas antecipações ocorridas em preparação para o período das festividad...