Preço do café sobe de 12% a 15% nos supermercados da região de Ribeirão Preto
O preço do café, que já vinha de altas consecutivas, deve ficar ainda mais caro nos próximos meses em Ribeirão Preto (SP), estimam especialistas. Isso porque o tempo seco e as geadas no inverno impactaram as lavouras, afetando a produtividade.
Na loja onde Raphael Ferraz de Souza é barista, o cardápio deve ser reajustado nas próximas semanas. “A gente teve que controlar o aumento de preço até pelo consumo, para não perder cliente, mas a gente está sentindo que vai ter que repassar um pouco mais. Não tem jeito, o reajuste veio muito forte.”
Nas prateleiras de supermercados, o preço já foi alterado, e a cuidadora de idosos Claudete Barbosa mudou o hábito de consumo. “Eu sempre levava dois ou três, toda hora está fazendo café. Lá em casa, o menino gosta de café. Mas, agora, é um só. Está muito caro, um pacotinho R$ 10, R$ 12, e olha que é o mais simples”, diz.
A cuidadora de idosos Claudete Barbosa mudou o hábito de consumo do café em Ribeirão Preto, SP — Foto: Reprodução/EPTV
Já para a dona de casa Marlene Medeiros, o jeito foi reduzir o consumo para gastar menos. "Eu rebolo o dia inteiro para dar conta, gastar menos e continuar consumindo. Não dá para parar de consumir, mas está difícil."
Um balanço da Associação Paulista de Supermercados (Apas) aponta que, só no primeiro semestre de 2021, o reajuste foi de 12%. No entanto, o aumento para o consumidor já chega a 15%.
“Desde o início do ano, o café vem sofrendo uma pressão devido aos custos de produção e à estiagem dos últimos meses. Isso já foi repassado para o custo do produto e chegou para nós aqui na prateleira. Até 15% vamos ter que repassar para o consumidor final”, afirma Rodrigo Canesin, diretor da Apas.
Café já registra alta nas cafeterias de Ribeirão Preto, SP — Foto: Reprodução/EPTV
Safra comprometida
O café é colhido de dois em dois anos. A safra prevista para os próximos meses foi comprometida pela queda abrupta das temperaturas em muitas regiões produtoras, como o caso de Franca (SP).
Em uma das fazendas, o dono chegou a estimar um prejuízo de R$ 400 mil com a lavoura cultivada para a safra. As plantas queimadas resultam em baixa produtividade.
No levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, a saca de 60 quilos do café arábica subiu quase 23%. No início de julho, custava R$ 167, mas fechou o mês em R$ 205.
Geada queimou cafezais na região de Franca, SP — Foto: Reprodução/EPTV
Em agosto, o valor tem oscilado para mais e mais para menos. O especialista em agronegócios, José Carlos de Lima Júnior, diz que os preços seguem em disparada. Como a colheita é bienal, os futuros contratos de venda devem ser reajustados.
"Quando você pega e olha o mês de julho, nós já tivemos um aumento do café arábica, que nós consumimos em grande maioria, da ordem de 20%, isso a saca para o produtor. Para nós, consumidores, a tendência é que esse preço encareça ainda mais, considerando que o preço que nós tivemos até agora é o preço do café colhido já há um tempo. Os contratos futuros, que preveem a produção do café que ficou exposto a esse frio, vão chegar para nós a partir do próximo ano. A tendência, infelizmente, é de inflação no preço do café para o brasileiro", afirma Lima Júnior.
Vídeos: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região
Influenciado por seca, preço do café sobe nos supermercados e pode ter mais reajustes em Ribeirão Preto - G1
Read More
No comments:
Post a Comment