O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Gladstone Lobato, defendeu que o reajuste dos combustíveis que deve entrar em vigor hoje seja repassado ao valor do frete. Em entrevista ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, o dirigente pediu ontem mais firmeza dos empresários do setor nas negociações com os embarcadores, ou seja, as empresas que contratam fretes em Minas Gerais.
“Devemos deixar bem claro a todos nossos associados que eles devem buscar repassar a diferença de custo do frete causado pelos reajustes dos combustíveis. Temos que saber negociar. Os embarcadores (empresas responsáveis por contratar os fretes) estão nivelando nossos preços muito por baixo”, afirmou.
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O aumento anunciado ontem pela Petrobras entrou em vigor hoje. Com o reajuste de 6,3% na gasolina, as distribuidoras pagarão R$ 0,16 a mais pelo litro deste combustível.
Já o diesel teve um reajuste de 3,7% por litro, ficando R$ 0,10 mais caro. A alta de preços anunciada pela Petrobras também provocou reajuste de 5,8% do gás liquefeito de petróleo (GLP) vendido às distribuidoras, que aumentou R$ 0,20, passando a custar R$ 3,60 por quilo.
Esperado
Segundo Lobato, este novo aumento, embora seja o primeiro da gestão do general Joaquim Silva e Luna, é o oitavo reajuste registrado este ano, o que tem prejudicado o crescimento do setor.
“Entendemos que com o aquecimento da economia mundial o preço dos combustíveis acabe aumentando. Sabemos que a Petrobras não pode praticar preços muito abaixo do mercado, mas não podemos assumir estes reajustes sozinhos”.
Ainda conforme Lobato, os transportadores vêm absorvendo o preço dos combustíveis, o que acaba por inviabilizar o crescimento dos negócios deste segmento. “O combustível representa cerca de 35% a 40% de nossos gastos. Tivemos aumento da mão de obra de 7,59% no mês passado. Os preços dos pneus aumentaram 40% e dos veículos, 50%”, informou.
Estradas
Ainda conforme o presidente do Setcemg, a maioria dos contratantes não aceita o repasse dos reajustes de tais produtos para o frete. Mas ele lembra que boa parte da malha viária federal e estadual mineira necessita de uma boa reforma, causando prejuízos aos transportadores.
Segundo Lobato, a manutenção dos veículos é muito cara. As estradas, em sua opinião, estão horríveis. “Pelo menos 80% da BR- 381 deveria ser chamada de um caminho, não de rodovia. A BR-040, embora tenha sido privatizada, não melhorou quase nada. E o mesmo acontece com as rodovias mineiras”, afirmou.
Para cumprir o prazo das entregas, conforme Lobato, os transportadores muitas vezes são obrigados a usarem dois caminhões em vez de um. “Fazemos isso tentando reduzir o tempo e o custo da viagem”, informou.
Embora não tenha dados sobre o crescimento do setor de transportes, que é muito variado, o presidente do Setcemg acredita que esteja ocorrendo a retomada deste segmento. “Depende do tipo. O transporte de minério de ferro e de grãos têm aumentado. Os transportes fracionados, que atendem ao e-commerce, também”, explicou.
Ainda conforme Lobato, existem 8.000 empresas de transportes cadastradas no Regulamento Nacional de Transporte de Cargas funcionando em Minas Gerais. Mas, por causa da absorção dos custos, muitas têm se unido para conseguir sobreviver. “No próximo dia 5 de agosto, vamos promover um Congresso Nacional do setor em Belo Horizonte. Vamos discutir estratégias e tentar mensurar a situação do segmento no País”, informou.
Minaspetro sugere redução no ICMS
Já Carlos Guimarães, presidente do Minaspetro, entidade que conta com 4.200 postos associados em Minas Gerais, defendeu que para o impacto do reajuste da gasolina ser menor o governo mineiro deveria diminuir as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incidem sobre o preço da gasolina, do diesel e do GLP no Estado.
“Muitos motoristas mineiros que moram nas cidades próximas ao estado de São Paulo preferem abastecer em cidades paulistas. Eles pagam menos imposto e o valor do combustível cobrado nos postos de lá é menor que o daqui”, afirmou.
Guimarães também ressaltou a necessidade de os clientes entenderem que o reajuste dos combustíveis não beneficia os donos de postos. “Estes aumentos acontecem em função do mercado internacional. A Petrobras não pode cobrar valores muito menores que os praticados no mercado externo. O que poderia ser feito, como eu disse, é a diminuição dos impostos cobrados no Estado”, defendeu.
Para Guimarães, o reajuste pode prejudicar a retomada do setor de postos de combustíveis em algumas regiões. Ele lembrou que embora não tenham fechado, os lucros diminuíram em função do isolamento social. “Mas esperamos que possamos voltar a crescer”.
Diesel e gasolina mais caros a partir de hoje
São Paulo – A Petrobras anunciou ontem que elevará o preço médio do diesel em 3,7% e o da gasolina em 6,3%, na primeira alta de valores desses combustíveis realizada pela gestão do presidente-executivo Joaquim Silva e Luna.
O preço médio do diesel a distribuidoras subirá R$ 0,10, para R$ 2,81 por litro, enquanto a gasolina terá alta de R$ 0,16, para R$ 2,69 por litro, “acompanhando a elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo e derivados”, disse a Petrobras em nota.
No acumulado do ano, o diesel da Petrobras subiu cerca de 40% enquanto a gasolina avançou 46%. Já o petróleo Brent acumula alta de cerca de 50%.
Em audiência na Câmara no mês passado, Luna disse que a Petrobras estava conseguindo absorver a alta recente do petróleo em meio a uma queda na cotação do dólar frente ao real, outro parâmetro utilizado pela estatal para definir a paridade com o mercado externo.
Mesmo com o aumento, a Associação dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calcula que a defasagem do diesel ante a paridade de importação é de R$ 0,09, enquanto a da gasolina está de R$ 0,19.
“Apesar de ainda existirem defasagens, em relação as PPIs que calculamos, o anúncio feito pela Petrobras sinaliza que está buscando seguir a paridade internacional”, disse o presidente da Abicom, Sérgio Araújo. (Reuters)
Reajuste no preço dos combustíveis deve ser repassado para valor do frete - Diário do Comércio
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