No último domingo, ministros da Opep+ concordaram em aumentar a oferta de petróleo a partir de agosto para frear os preços, que subiram para máximas em dois anos e meio à medida que a economia global se recupera da pandemia de coronavírus.
Já nesta segunda, por volta das 9h30 (horário de Brasília), o contrato futuro do petróleo Brent para setembro operava em queda de 3,38%, a US$ 71,07 por barril, enquanto o petróleo dos Estados Unidos (WTI) com vencimento em agosto recuava 3,72%, a US$ 69,14 o barril.
O grupo, que inclui países da Opep e aliados como a Rússia, chegou a um importante acordo para os níveis de produção a partir de maio de 2022 após a Arábia Saudita e outros terem concordado com um pedido dos Emirados Árabes Unidos (EAU) que havia ameaçado o plano.
“Estamos felizes com o acordo”, disse o ministro de Energia dos Emirados, Suhail bin Mohammed al-Mazroui, em uma coletiva de imprensa. O ministro de Energia saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, se recusou a responder perguntas sobre como chegaram a um acordo.
Ano passado, a Opep+ reduziu a produção em 10 milhões de barris por dia (bpd), um recorde, em meio à queda da demanda e dos preços causada pela pandemia. A oferta foi sendo gradualmente retomada, reduzindo o corte para cerca de 5,8 milhões de bpd.
De agosto a dezembro de 2021 o grupo aumentará a oferta em mais 2 milhões de bpd, ou 0,4 milhões bpd por mês, disse a Opep em um comunicado. O grupo havia concordado em estender o pacto até o fim de 2022, em vez de abril de 2022, como planejado inicialmente, para ter mais espaço de manobra caso a recuperação global empaque devido à novas variantes do vírus.
Enquanto a Arábia Saudita e os Emirados apoiaram um aumento imediato na produção, os Emirados se opuseram à ideia da Arábia Saudita de prolongar o pacto para dezembro de 2022 sem conseguir uma cota de produção mais alta. Para superar o impasse, a Opep+ acertou novas cotas de produção para vários membros a partir de maio de 2022, incluindo Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Rússia, Kuwait e Iraque.
De acordo com a XP, o acordo da Opep+ para aumentar a produção é uma boa notícia, à medida em que a alta do petróleo pressiona a inflação e os custos de produção.
Para o Bradesco BBI, o acordo é positivo uma vez que enterra a tese de uma ruptura potencial entre os membros da Opep+ – o que poderia levar a uma guerra de preços – e estende os cortes para além de abril de 2022. Além disso, o grupo continuará a se reunir nesse interim para ver se ajustes devem ser feitos – por exemplo, em caso de surgimento de novas ondas de Covid ou se os EUA e o Irã chegarem a um acordo nuclear.
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“Continuamos acreditando que o brent deve ter um suporte em torno de US$ 70 o barril em média no próximo ano, acima do consenso atual. No curto prazo, os temores da variação da variante delta da Covid-19 podem continuar a trazer volatilidade de curto prazo”, avaliam.
Já Carsten Menke, analista do Julius Baer, destaca que “as capacidades de produção dos países da Opep+ no longo prazo, livres e adicionais, são a principal razão pela qual vemos o petróleo recuando novamente”, disse, complementando: “seguimos confiantes de que o mercado de petróleo está na fase final de seu ciclo de alta.”
Cabe ressaltar que, nesta sessão, os mercados são impactados negativamente em meio aos temores com a propagação da variante delta do coronavírus. Os principais mercados acionários mundiais operam com perdas na manhã desta segunda-feira, com o mau humor dos investidores associado principalmente à disseminação da variante delta. No Reino Unido, está previsto para hoje a suspensão da maior parte das restrições para conter o avanço da covid-19. Na Grã-Bretanha, os casos aumentaram para 48.161 no domingo e na França, um ministro disse que a restauração de medidas de toque de recolher não pode ser excluída se as infecções continuarem a aumentar.
“Com o aumento de oferta, a pressão altista no preço do petróleo deve arrefecer. Além disso, a disseminação da variante delta no mundo pode paralisar o processo de reabertura econômica e reduzir o potencial de crescimento neste ano, imponto mais uma pressão baixista para o preço do petróleo. Alguns países europeus já retomaram algumas medidas restritivas para conter a alta de casos. Mesmo com esse aumento, a mortalidade permanece controlada naqueles países que já avançaram no processo de vacinação, assim esperamos que a adoção de novas restrição sejam temporárias e a que reabertura continue gradualmente nos próximos meses”, aponta a Rio Bravo.
(com Reuters)
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