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Saturday, July 10, 2021

Estiagem pressiona preço da energia e dos alimentos, obrigando brasileiros a mudar de hábitos - G1

Seca histórica pressiona custo de vida
Seca histórica pressiona custo de vida

Seca histórica pressiona custo de vida

A maior seca da história tem forçado o brasileiro a mudar alguns hábitos de consumo.

No supermercado, dona Imaculada só leva o indispensável: "Aquele negócio de carrinho cheio, já passou".

A inflação em junho chegou a 0,53%, segundo o IBGE. Em maio, a inflação tinha sido ainda maior de 0,83%. E, nos últimos 12 meses, ela chegou a 8,35% - a maior taxa desde setembro de 2016.

"Tudo está muito caro. Tudo está muito alto e o salário não acompanha. A inflação está lá em cima", diz a vendedora Cláudia Ferreira.

A inflação foi puxada, principalmente, pela energia elétrica em junho. A conta de luz está na bandeira vermelha no patamar dois - o mais alto. "A roupa eu passo de 15 em 15 dias. Não tem jeito de economizar mais não", afirma a dona de casa Lizenita Coutinho.

Os combustíveis também subiram e acumulam alta de 44% nos últimos 12 meses. Os alimentos também continuam pesando no bolso do brasileiro. A pressão se concentrou na alimentação no domicílio que acelerou em junho. E o maior peso vem das carnes que subiram em média 1,32%. Foi a quinta alta consecutiva. Em 12 meses, a inflação das carnes chegou a quase 40%.

"Antes eu levava dez bifes, agora estou levando cinco bifes. Então, diminuiu bastante a quantidade de carne", destaca o técnico de segurança do trabalho Vagner Martins.

O IBGE destaca que o câmbio está entre os principais fatores de pressão. "O dólar mais alto ele favorece a exportação, e, por isso, a oferta no mercado interno fica menor. Aí a gente teve essa alta nas carnes", explica André Filipe Guedes, analista de preços/IBGE.

O economista da FGV André Braz avalia que a inflação nos alimentos é resultado de uma tempestade perfeita e que impacta diretamente no prato dos brasileiros: "Nós tivemos problemas de safra no ano passado, uma redução da área plantada de arroz, tivemos problemas de desvalorização cambial, quebra de safra de feijão. E, agora, a crise hídrica bate na nossa porta e pode lançar um novo desafio à inflação nesse segundo semestre".

Para abastecer a dispensa com preços nas alturas, a auxiliar de serviços gerais Maria Helena diz que tem que se reinventar todo dia na beira do fogão: "Os meninos falam assim: 'mãe, qual é o cardápio?'. É o que a gente comeu domingo, nós vamos comer hoje. A gente aprende a fazer do café da manhã ao jantar, se não, haja dinheiro".

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