Desde o começo do ano a gasolina subiu 26%, o diesel 15,5% e o etanol 23,5% até abril, atraso na colheita da cana de açúcar impacta no preço do etanol
O aumento do preço dos combustíveis em Belo Horizonte e região metropolitana nas últimas semanas chamou a atenção dos consumidores. Gasolina, etanol e diesel apresentaram variações nos postos nas últimas semanas, no caso da gasolina e do diesel o aumento ocorreu mesmo sem nenhum aumento nos preços das refinarias desde do dia 30 de abril.
Entre quinta (13) e sexta-feira (14), o jornal flagrou dois postos que aumentaram em 11 centavos o preço da gasolina, 1,93% do valor, e e em 20 o do etanol, 4,66% mais caro.
Segundo dados do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais da UFMG (Ipead), desde janeiro a gasolina subiu 26%, o diesel 15,5% e o etanol 23,5%, dados que não consideram o aumento das últimas semanas.
Responsável pelo site Mercado Mineiro, que acompanha o preço de vários produtos no estado, o economista e administrador Feliciano Abreu acredita que o aumento é uma tentativa dos donos de postos de combustíveis para repor as perdas, pois a alta ocorre justamente quando o comércio é reaberto. "O consumidor está tendo a impressão que ele está pagando o pato. Mais uma vez, depois de um longo período parado ou com poucos carros nas ruas, notamos que existe um certo aumento de preço com base na especulação", descreve.
O economista afirma que esse tipo de procedimento pode até dificultar uma retomada do comércio. "O consumidor está com pouco dinheiro no bolso e não tem recursos para bancar o tempo em que os postos ficaram parados. É um prejuízo muito grande para a economia, porque sabemos que o combustível agrega muito quando está barato, mas quando o preço é alto desanima o consumidor", explica.
Etanol vai continuar caro
O presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, conta que o atraso na colheita ocorreu pela falta de chuva nas regiões de produção. "Essa safra de 2021 e 2022 está sendo muito afetada por um período forte de estiagem e isso impacta na produção do etanol. A safra que já deveria estar a pleno vapor está bem atrasada, principalmente em São Paulo, que é a principal região produtora no Brasil. Isso limitou a nova oferta do produto".
Ainda segundo ele, o consumidor e o mercado estavam habituados a observar uma redução nos preços do produto durante o período de safra, o que ainda não ocorreu. "Acredito que nas próximas semanas, quando a safra efetivamente engrenar, vamos ter algum tipo de redução de preço, mas não vamos ver o que víamos em outros anos, com queda brusca dos preços, teremos um período de maior estabilidade", apontou.
Aquecimento da economia impacta no preço
A reportagem entrou em contato com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), que representa os donos de postos do estado, mas não foi respondido até o fechamento desta matéria.
Motoristas reclamam do aumento
Guilherme Vieira, 38, trabalha há cinco anos como motorista de aplicativo, rodando na região metropolitana de Belo Horizonte e percebeu os aumentos nos preços da gasolina e do etanol. "Eu vi que começou a subir já no começo de maio, mas nesta semana subiu muito. E parece que subiu tudo em escala, subiu o etanol e a gasolina foi junto. Pra mim que trabalho com isso é muito ruim, faz mais de seis anos que não acontece um reajuste nos valores das corridas e por isso quando sobe o preço do combustível só eu perco, o aplicativo continua ganhando a mesma coisa", reclama.
Mesmo usando apenas gasolina ele acredita que o aumento do preço acompanhou a escalada do etanol. "Só de parar no posto a gente já vê o tanto que aumentou, nem vale a pena pensar se vai usar etanol".
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Postos aumentam preços de combustíveis em Belo Horizonte e região - O Tempo
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