Quem é dono de um hatch compacto convencional, cuja capacidade total de abastecimento é de 50 litros em média, precisa desembolsar ao menos R$ 270 para completar o tanque com gasolina — levando em conta os dados mais recentes da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Com etanol, a conta fica em R$ 190, ou pouco mais de um quinto do atual valor do salário mínimo. É muita grana.
E o pior é que a disparada dos preços não afeta apenas o dono de um automóvel. Os economistas indicam que a inflação registrada nos últimos meses, que impacta de maneira especial os alimentos e outros serviços básicos, tem relação direta com a alta dos combustíveis.
“A participação do modal rodoviário na logística do Brasil é superior a 80%, o que cria uma dependência dos combustíveis fósseis para o transporte de mercadorias”, explica o professor Marco Antônio Rocha, do Instituto de Economia da Unicamp. “O impacto se reflete na formação de preço dos demais bens industriais: por ser um custo básico, há um efeito cascata. Sem contar o período seguinte do impacto, que é o custo do frete.”
Mas por que o combustível está tão caro? Para explicar isso, é necessário dar uma olhada na taxa de câmbio: de 2020 para cá, o real é uma das moedas que mais se desvalorizaram em relação ao dólar, considerado o “meio padrão” para calcular negociações — inclusive preço de commodities como o petróleo.
A maior parte do transporte de mercadorias no Brasil é feita a partir do frete rodoviário — Foto: André Schaun
Em maio de 2019, por exemplo, o barril de petróleo era negociado a US$ 64, quando o dólar estava a R$ 3,90: na época, o valor médio do litro da gasolina era R$ 4,55 no Brasil.
Quase dois anos depois, em abril de 2021, o preço do barril estava ligeiramente mais valorizado, sendo negociado a US$ 66,71, mas com o real bastante combalido — de acordo com a ANP, a gasolina estava sendo vendida, em média, por R$ 5,40 nos postos brasileiros.
Variação do preço da gasolina ano a ano — Foto: Autoesporte
“É por isso que, basicamente, todos os governos negociaram com a Petrobras uma política de preços que não criasse tantas incertezas no mercado doméstico”, diz Rocha. Com a política econômica de seguir o “sobe e desce” de preços, ficamos dependendo dos humores do mercado. Que quase nunca está feliz.
Como fica o etanol?
O combustível "made in Brazil" também sofre com a variação de preços por causa das questões cambiais: por ser uma commodity, a cana-de-açúcar é cotada pelo dólar. Além disso, deve-se levar com conta os períodos de safra e entressafra, que impactam o volume de oferta do combustível ao longo do ano.
“O preço da gasolina está muito ligado ao câmbio e ao preço do petróleo. Se amanhã o preço do barril de petróleo caísse para US$ 40, e consequentemente o preço da gasolina diminuísse, o valor do etanol cairia também”, afirma Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo (Unica)
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Aumento no preço da gasolina também deixa a compra do supermercado mais cara - Auto Esporte
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